fitofarmacovigilância


A segurança e eficácia das plantas medicinais

24/05/2013 12:19

Por Joaquim Mauricio Duarte Almeida

O Brasil vive um momento de crescimento da fitoterapia. São vários os motivos que alavancam esse crescimento: a nossa rica biodiversidade, o estímulo governamental por meio de políticas públicas, crescimento de grupos de pesquisas nas universidades que buscam a segurança e eficácia destes produtos e, especialmente, a busca pelos consumidores por produtos isentos de reações adversas.

É inegável o rol de produtos farmacêuticos que tem como origem vegetal a base de sua formulação. Sendo o Brasil detentor de diferentes biomas, com diversas plantas medicinais, fica difícil entender como muitas de suas espécies ainda não são usadas como medicamentos. Esse fato pode estar aliado à falta de respaldo científico do uso das plantas medicinais usadas tradicionalmente, no que tange a segurança e eficácia. Por esse motivo, desde a última década, tem se criado uma corrente para que essa falha seja corrigida. Nesse sentido, o governo federal, em associação com pesquisadores e entidades ligadas ao uso e produção de plantas medicinais, editou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em 2006.

Esse fato motivou alguns segmentos da sociedade na busca da eficácia e segurança dos medicamentos a base de plantas medicinais. O governo, por meio da Anvisa, criou várias portarias e resoluções para normatizar o mercado. Os pesquisadores, por sua vez, têm avaliado a segurança e eficácia das várias espécies que compõe a lista de plantas da RENISUS (Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse no SUS). Recentemente, um grupo liderado pelo professor Wagner Vilegas, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), por meio de um projeto temático, estudou cerca de 20 plantas que fazem parte da RENISUS para avaliar a eficácia e segurança, além de isolar e identificar seus compostos ativos. Nesse projeto algumas espécies demonstraram a segurança e eficácia desejada, no entanto,  outras espécies se mostraram tóxicas, não sendo recomendadas para uso terapêutico. Como por exemplo, Terminalia catappa, popularmente conhecida como chapéu-de-sol, que apresentou intensa atividade antimicrobiana e antiulcerativa – indicada para doenças estomacais associadas à bactéria Helicobacter pylori. Entretanto, esta espécie foi reprovada no teste de segurança, pois foram detectadas substâncias que podem induzir mutações nas células (Agência Fapesp, 2013).

O trabalho realizado pelos pesquisadores é fundamental para a segurança do uso de plantas medicinais, como podemos ver nas diversas matérias divulgadas pelo boletim Planfavi. Sendo assim, torna-se necessária a criação de outros grupos que possam avaliar a segurança e eficácia das demais plantas relacionadas na lista da RENISUS.

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